MARIGHELLA, Carlos (Salvador, Bahía, Brasil 05/12/1911 – São Paulo, Brasil 04/11/1969).
Carlos Marighella foi o dirigente revolucionário de maior expressão da luta armada, no Brasil, no final dos anos 1960. Considerado pela ditadura civil-militar (1964-85) o inimigo público nº 1, foi assassinado pela polícia política em 4 de novembro de 1969.
O golpe de 1964 foi fundamental na redefinição do militante que entrou no Partido Comunista aos dezoito anos, atuou nos embates dos anos 30, tornando-se, em 1946, deputado da constituinte. A derrota levou-o a um processo de ruptura com as posições e práticas do Partido que se empenhara na transformação social pela via institucional e pacífica. Na seqüência, Marighella abandonou a própria concepção de partido como instrumento da revolução, criticando a sua burocratização e a sua hierarquia que teriam afastado os comunistas da revolução. Resgatando a idéia da ação e da violência, manteve, entretanto, a idéia de libertação nacional como etapa da revolução no país.
Ao participar da Conferência da Organização Latino-americana de Solidariedade (OLAS), em Havana, entre julho e agosto de 1967, Marighella, enfim, rompia definitivamente com o PC. A partir de então, Cuba o reconheceu como o líder da luta armada no Brasil, apoiando- o na formação de guerrilheiros que integrariam a organização que Marighella criaria em seguida, a Ação Libertadora Nacional (ALN).
Marighella fez uma leitura própria da teoria foquista cubana, incorporando-a em sua perspectiva mais ampla.
Em todo caso, a teoria do foco vinha de encontro à idéia de que era possível fazer a revolução – ou desencadeá-la – sem o partido e, mesmo, sem o movimento social.
Os princípios que estiveram na origem da ALN – sobretudo a supervalorização da ação – evoluíram para o militarismo, agravado pelo isolamento da organização em relação à sociedade, num movimento que, por sua vez, intensificava cada vez mais este isolamento.
A ALN realizou diversas ações, destacando-se o seqüestro do embaixador norte-americano,
em 4 de setembro de 1969, contra o qual, aliás, Marighella se posicionou. Embora se assumisse como terrorista, denominação rejeitada na maior parte das organizações de luta armada brasileiras da época, as ações da ALN jamais visaram a atingir à população civil.
Carlos Marighella deixou alguns escritos, entre eles: Por que resisti à prisão (1994) e Mini-
Manual do guerrilheiro urbano (1969).
Obra
- Escritos de Marighella, São Paulo, Livramento, 1979.
- Mini-Manual do guerrilheiro urbano, Junho 1969.
- Por que resisti à prisão, 2ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1994 (1ª ed. de 1965, Rio de Janeiro, Edições Contemporâneas). Entrevista de Marighella concedida a Conrad Detrez, “Carlos Marighella nos declara: ‘O Brasil será um novo Vietnã”, em: Front. Revista mensal de informação política internacional, Disponível no Fundo DOPS/Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Setor Terrorismo, pasta 3, folhas 116-125.
Cómo citar esta entrada: Rollemberg, Denise (2020), “Marighella, Carlos”, en Diccionario biográfico de las izquierdas latinoamericanas. Disponible en https://diccionario.cedinci.org