BOAL, Augusto Pinto (Rio de Janeiro, Brasil, 16/03/1931 – Rio de Janeiro, Brasil, 02/05/2009).
Augusto Boal, mais amplamente conhecido como Boal. Teatrólogo, diretor teatral, dramaturgo, escritor e ativista político brasileiro, criador do Teatro do Oprimido, método teatral hoje aplicado globalmente.
Filho de José Augusto Boal, comerciante e padeiro, e Albertina Pinto Boal, portugueses que se instalaram no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Penha, subúrbio carioca. Dessa união nasceram Augusta, professora; Albertino, oficial militar; Aída, arquiteta; e Augusto. Após os primeiros estudos, ingressou aos quinze anos no Colégio Brasileiro de São Cristóvão, conciliando a rotina escolar com o trabalho na padaria de seu pai. Desde muito jovem tinha o desejo de seguir a carreira teatral, porém, para atender à vontade de seu pai de que os filhos se formassem como “doutores”, cursou Química Industrial na Escola Nacional de Química na Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
Na Universidade, atuou como Diretor Cultural do Diretório Acadêmico, organizando encontros com personalidades do meio cultural e do teatro brasileiro como Abdias Nascimento e Nelson Rodrigues. Ambos exerceram forte influência na formação teatral inicial de Augusto Boal. No período de 1950 a 1953, Boal escreveu suas primeiras peças, que levava para leitura e crítica do dramaturgo Nelson Rodrigues. Nessa fase, escreveu diversas peças com temática afro-brasileira, todas encenadas pelo Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento.
Em 1952 Augusto Boal formou-se como químico industrial, ganhando de seu pai um curso de especialização em Engenharia Química no exterior, pelo período de um ano. Concomitantemente, Boal escreveu uma carta ao autor e crítico norte-americano John Gassner pedindo que o aceitasse como aluno em suas aulas de dramaturgia. A resposta de Gassner foi positiva e em 1953 Boal partiu para os Estados Unidos, conciliando o estágio de química com os estudos de teatro na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Além de Gassner, seus principais professores na Columbia foram Milton Smith, Maurice Valency, Norris Houghton e Theodore Apstein.
Nessa fase, Boal trabalhou voluntariamente como correspondente do jornal Correio Paulistano, motivo pelo qual entrevistou personalidades do teatro e cinema norte-americanos, tais como Geraldine Page, Stella Adler, Elias Kazan e James Dean. Augusto passou a dedicar a maior parte de seu tempo à sua formação em teatro, prorrogando os estudos com Gassner por mais um ano. Gassner conseguiu que ele também fosse admitido como ouvinte em sessões do Actor’s Studio, onde Boal adquiriu conhecimentos teórico-práticos sobre o método Stanislavski. Foi nesse período que Boal também entrou em contato com o movimento negro estadunidense, através da amizade com o ativista e poeta Langston Hughes, assim como conheceu o diretor José Quintero, diretor do Circle in the Square, teatro de arena de Nova Iorque.
Em seu último ano de estágio nos EUA, o coletivo de dramaturgos que Boal integrava, Writer’s Group, decidiu encenar duas peças de sua autoria daquele período: a comédia The House Across the Street (1953-55) e The Horse and the Saint (1954) – versão em inglês de O cavalo e o santo. As peças, ao contarem com apoio financeiro da cantora lírica Bidu Sayão, foram apresentadas no Malin Studio na Broadway, com direção do próprio autor Augusto Boal, marcando sua estreia como diretor teatral, em 1955.
Em junho daquele ano Boal retornou ao Brasil. Indicado pelo crítico Sábato Magaldi, em 1956 logo passa a integrar o núcleo do Teatro de Arena de São Paulo, que necessitava, justamente naquele momento, de um novo encenador que dividisse com José Renato as montagens do grupo. Sua primeira direção junto ao Arena foi a adaptação do romance Ratos e Homens de John Steinbeck, em outubro daquele ano. Boal passou a difundir para muitos profissionais os seus conhecimentos recém adquiridos nos Estados Unidos, afirmando-se como um importante introdutor de novas técnicas teatrais no Brasil. Nesse período, organizou junto ao Arena os laboratórios de interpretação com base no método Stanislavski e fundou os célebres Seminários de Dramaturgia. Boal impulsionou, então, um movimento de trabalho coletivo e autoral. Jovens escritores como Oduvaldo Vianna Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Chico de Assis e o próprio Boal apresentavam peças recém elaboradas que procuravam refletir a realidade social brasileira, a partir das propostas do “realismo socialista” para o Brasil ou “realismo crítico”. Boal dirigiu diversas peças frutos dos Seminários, de diferentes autores que então se lançavam, e escreveu Revolução na América do Sul (1960), que, dirigida por Zé Renato, foi considerada um marco do teatro épico brasileiro, consolidando o nome de Augusto Boal como dramaturgo. Em 1960, Boal também passou a integrar o quadro de professores da Escola de Arte Dramática (EAD) de São Paulo.
Nesses primeiros anos de volta ao Brasil, Boal ainda escreveu adaptações e novas peças, entre as quais, José, do parto à sepultura (1961), encenada naquele ano pelo Teatro Oficina, com direção de Antonio Abujamra. Como diretor do Teatro de Arena nesse período também dirigiu uma série de textos brasileiros e estrangeiros. Separadamente do Arena, dirigiu ainda algumas peças no âmbito do teatro comercial, além de um espetáculo junto ao Teatro Oficina.
Escreveu também nessa fase, com Nelson Xavier, a peça Mutirão em Novo Sol ou Julgamento em Novo Sol (1961), dirigida por Chico de Assis e apresentada em um congresso de camponeses em Belo Horizonte. Nesse início dos anos 1960, realizou turnê com o Arena para o nordeste, a partir de contatos com a igreja progressista, as Ligas Camponesas de Francisco Julião e o governo de Miguel Arraes, em Pernambuco. O encontro com camponeses em luta pela terra transformaria a visão de Boal sobre arte política. Foi nesse momento que Boal entrou em contato com o Movimento de Cultura Popular (MCP) no Recife e a metodologia de Paulo Freire, aprofundando sua guinada em direção à autonomia dos sujeitos no processo de experiência artística. Nesse mesmo sentido, entrou em contato com operários do ABC paulista ao ministrar Seminário de Dramaturgia no Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, em 1962.
Com o golpe militar em 1º de abril de 1964, o Teatro de Arena de São Paulo radicalizou sua busca por um teatro popular e engajado. Augusto Boal escreveu e dirigiu, nesse contexto, uma série de espetáculos históricos que exerceram forte papel de denúncia contra a ditadura militar: o show Opinião (1964/65), com Nara Leão, João do Valle, Zé Kéti, e que em seguida lançou Maria Bethânia; seguindo a linha dos musicais de protesto, Arena Conta Zumbi (1965), texto de Boal e Guarnieri, músicas de Edu Lobo, encenação em que Boal inaugura o “sistema coringa” de interpretação épica e coletiva; e Arena Conta Tiradentes, texto de Boal e Guarnieri (1967), que acentua o posicionamento político do grupo. Entre 1965/68 Boal ainda dirigiu diversos shows com diferentes artistas brasileiros e também peças de autores estrangeiros, junto ao Teatro de Arena.
Naquele ano de 1968 Boal também dirigiu a I Feira Paulista de Opinião, em que um conjunto de artistas buscavam “responder” à pergunta “O que pensa você do Brasil de hoje?”. O espetáculo teve 65% de seu texto censurado e, em um ato contra a censura, a classe artística ocupou diversos teatros de São Paulo, então cercados pela polícia, seguindo para Santo André, onde apresentaram o texto integral da Feira. A peça de Boal A Lua muito pequena e a caminhada perigosa (1968), inspirada em Che Guevara, foi encenada como parte do roteiro da Feira de Opinião.
Em 14 de dezembro de 1968, dia seguinte à promulgação do Ato Institucional nº 5, Boal partiu para visitar Cuba, por um mês, a convite de uma organização clandestina, provavelmente a Ação Libertadora Nacional (ALN) – passando antes por Paris, Roma e Praga, até chegar em Havana. Amigo de Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira (conhecido como Comandante Toledo), dois dos principais líderes e fundadores da ALN, Boal fez parte da rede de apoio em torno da organização.
Com o acirramento da repressão houve um processo de internacionalização do Teatro de Arena: em 1969, Arena Conta Zumbi realizou temporada em Nova Iorque na Saint Clement’s Church, a convite de Joanne Pottlitzer, com elogiosas críticas no New York Times e, em seguida, Boal iniciou longa turnê com Zumbi e sua nova peça Arena Conta Bolívar (1969/70) pelo México, Estados Unidos e Peru. Em 1969/70, o Núcleo 2 do Arena – formado por jovens atores – dedicou-se à criação de espetáculos diários a partir de notícias de jornal. O Teatro-Jornal – Primeira edição (1970), direção de Boal, utilizava técnicas de agit-prop e fazia sessões para ensiná-las para grupos políticos, muitas vezes clandestinos. Em um momento dos mais repressivos da ditadura militar, pleno governo Médici, a montagem de cenas produzidas do dia para a noite foi uma forma de escapar da censura. Esta experiência marcou o início da pesquisa que veio a desembocar no Teatro do Oprimido, sendo a modalidade do Teatro-Jornal considerada a primeira de suas técnicas.
Ao mesmo tempo, em 1970, Boal também dirigiu A resistível ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht, com o elenco do Teatro de Arena. O grupo também participou de um Festival em Buenos Aires nesse período, a convite da Asociación Argentina de Actores, realizando temporada de um mês e meio com Zumbi e passando ainda pelo Uruguai. Na ocasião, apresentaram também o Teatro-Jornal, estimulando a formação de grupos locais. De volta a São Paulo, ensaiaram nova temporada de Arena Conta Bolívar, espetáculo que, censurado, nunca chegou a ser apresentado no Brasil.
Em fevereiro de 1971, Augusto Boal foi sequestrado e preso pela ditadura militar. O teatrólogo foi submetido a tortura e interrogatórios sistemáticos – comandados por um dos nomes mais temidos da repressão, o delegado Sérgio Paranhos Fleury –, sendo mantido por um mês em cela solitária, no DOPS de São Paulo (Departamento de Ordem Política e Social). Em seguida, foi mantido como preso político no presídio Tiradentes, em São Paulo, por mais dois meses. Tanto no DOPS como no Tiradentes, Boal reencontrou sua amiga Heleny Guariba, integrante da organização de guerrilha Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), e que logo depois foi assassinada e desaparecida pelos militares. Hoje se sabe que Heleny foi uma das vítimas da Casa da Morte, centro de torturas então instalado na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Depois de um mês preso, Boal conseguiu que seu paradeiro fosse noticiado nos jornais, o que gerou uma série de protestos por parte da solidariedade internacional contra a prisão-sequestro do artista. Tal pressão acelerou muito o seu processo jurídico e na segunda fase de seu julgamento Boal conseguiu liberação para viajar para a França e se juntar ao Arena, que participava do Festival Mundial de Teatro de Nancy.
Em seguida, Boal partiu para o exílio involuntário, vivendo afastado do Brasil por quinze anos. Foi no período de seu exílio, de 1971 a 1986, que Boal desenvolveu e sistematizou o seu método, o Teatro do Oprimido.
O primeiro pouso do exílio de Boal foi na Argentina, terra natal de sua mulher, a atriz e psicanalista Cecilia Thumim Boal, onde permaneceu por cinco anos. Em Buenos Aires, Boal finalizou sua peça Torquemada (1971), que havia começado a escrever quando ainda se encontrava preso ilegalmente no Brasil, e que trata da questão da tortura em regimes ditatoriais. Em 1971/72, a convite de Richard Schechner, Boal dirigiu Torquemada com estudantes da Universidade de Nova Iorque, na Saint Clement’s Church, onde também encenou Latin American Fair of Opinion (Feira Latino-Americana de Opinião), com cenografia de Hélio Oiticica, dramaturgos como o colombiano Enrique Buenaventura e o argentino Jorge Díaz, e vencedora do prêmio Obie Awards de melhor espetáculo off-Broadway daquele ano. Ainda em 1972, Boal também dirigiu Torquemada no Teatro La Mama, em Bogotá, e no Teatro Del Centro, em Buenos Aires. Em seguida, finalizou sua peça O grande acordo internacional do Tio Patinhas (1972), com temporada de seis meses na Sala Planeta, em Buenos Aires, dirigiu espetáculo com o grupo El Machete – do qual fazia parte o dramaturgo argentino Mauricio Kartun – e realizou o Teatro-Jornal com o grupo El Equipo.
Assim como o Teatro-Jornal foi criado como resposta ao acirramento da censura no Brasil, as propostas de Boal para a transformação radical da relação ator-espectador surgiram como resposta estética e política ao autoritarismo que assolava o continente latino-americano. O desenvolvimento inicial do Teatro do Oprimido seguiu, portanto, a trajetória do exílio de Boal na América Latina. Nos primeiros anos na Argentina, em uma situação de “ditadura camuflada”, o teatrólogo experimentou, com um grupo de atores de Buenos Aires, o Teatro Invisível, que se encena em espaço público sem se convencionar que se trata de teatro. Em seguida, indicado pelo jornalista brasileiro Paulo Cannabrava Filho, também exilado, foi convidado por Augusto Salazar Bondy, ambos do Ministério da Educação do Governo Revolucionário peruano, a participar de um Programa de Alfabetização Popular (ALFIN) inspirado em Paulo Freire. Boal passou três meses no Peru, trabalhando com alfabetizadores de pessoas de diferentes matrizes indígenas que falavam múltiplos dialetos, o que o levou a investigar a comunicação não-verbal criando o Teatro-Imagem, alicerce de todo o seu método.
Ainda no Peru, o teatrólogo diz ter “descoberto” o Teatro-Fórum, modalidade do Teatro do Oprimido que mais se espalhou pelo mundo, na qual, diante de uma cena de opressão, o espectador entra em cena e torna-se também ator, ou no termo de Boal, espect-ator.
Nesse período em que viveu na Argentina, Boal ainda trabalhou ministrando conferências no México, Colômbia e Venezuela, dirigindo também, nessa fase, shows com músicos argentinos e exilados brasileiros.
Nos anos seguintes, Boal foi contemplado com uma bolsa da Fundação Guggenheim e concentrou-se prioritariamente na escrita. Em três anos, de 1972 a 1975 – ano em que nasceu seu segundo filho, Julian, o primeiro chama-se Fabian – Boal escreveu nove livros (ensaios teóricos, peças, crônicas, romances) e finalizou outros que já estavam em processo de escrita, lançando, dentre estes, algumas de suas obras mais conhecidas, como: Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas (1974), livro que fundamenta o seu método, e o arsenal 200 Jogos para atores e não-atores (1975), ambos traduzidos posteriormente para mais de vinte idiomas.
Quando o terror foi novamente imposto às pessoas de esquerda e aos estrangeiros na Argentina, Boal se viu obrigado a deixar o novo país. Indicado pelo crítico teatral português Carlos Porto, foi convidado pelo governo de Portugal a ministrar aulas em Lisboa. Em 1976, alguns dias depois do golpe na Argentina, Boal partiu para seu novo exílio, Portugal, terra natal de seus pais.
De 1976 a 1978, Boal residiu em Lisboa, no contexto pós-Revolução dos Cravos. Nessa fase, ministrou aulas na Escola de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa. Ao mesmo tempo, Boal foi convidado pela atriz Maria do Céu Guerra, pelo autor Hélder Costa e por Carlos Porto, integrantes do grupo A Barraca, a atuar como diretor artístico do coletivo, com o qual encenou diversos espetáculos. Separadamente, Boal dirigiu uma versão de Zumbi, trabalhou também com o grupo Comuna e, em relação ao Teatro do Oprimido, realizou apenas um espetáculo de Teatro-Fórum no Porto.
Exilado em Lisboa, Augusto Boal escreveu sua peça Murro em ponta de faca (1978), que retrata a peregrinação de três casais de exilados brasileiros. A peça foi encenada no mesmo ano, com direção de Paulo José, músicas de Chico Buarque e ambientação cênica de Gianni Ratto, no Teatro TAIB, em São Paulo. E em 1978, mesmo no exílio, Boal foi agraciado com o Prêmio Mambembe de melhor autor por Murro em ponta de faca. Além das novas edições de seus livros em Portugal, Boal também publicou nessa fase diversos artigos, textos e entrevistas em periódicos como a revista portuguesa Opção, o jornal brasileiro Movimento, entre muitos outros, estimulando a comunicação entre exilados políticos.
Morando ainda em Portugal, Boal foi convidado a integrar o Conselho de gestão do Festival Mundial de Teatro de Nancy, do qual foi eleito presidente. Nessa época, através de uma grande rede de contatos de intelectuais europeus e exilados, o teatrólogo ainda ministrou aulas e oficinas na Bélgica, Itália, Suíça, Noruega e Dinamarca.
Em 1977, o autor e crítico Emile Copfermann estava a ponto de publicar a edição francesa do livro de Boal Teatro do Oprimido pelas edições Maspero (1977), o que o estimulou a organizar uma apresentação das técnicas para o público francês. Ao mesmo tempo, o crítico francês Bernard Dort o convidou a ministrar aulas como professor substituto na Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3, sobre o Teatro do Oprimido. Diante dessas novas oportunidades, Boal partiu de Portugal para a França.
Augusto Boal chegou na França em um momento de plena efervescência cultural, permanecendo no país de 1978 a 1986. Durante o seu exílio em Paris, o teatrólogo formou o primeiro núcleo de pesquisa e prática de Teatro do Oprimido, o Groupe Boal. Seis meses após sua chegada, diante da rápida propagação das técnicas, Boal e os integrantes desse núcleo original fundaram o primeiro centro de referência do método, o Centre d’études et de diffusion des techniques actives d’expression – Méthodes Boal – CEDITADE, em Paris, 1979. O movimento de difusão das técnicas foi sendo periodicamente registrado nos Bulletins du Théâtre de l’Opprimé, publicações desse núcleo pioneiro de Teatro do Oprimido na Europa, impressas no início como anexos da revista Travail Théâtrale, da qual Copfermann era editor, e que traziam artigos de Augusto Boal e seus colaboradores, além de relatos de novos praticantes de diversos países. Foi em Paris, junto ao seu grupo, que Boal desenvolveu as técnicas voltadas para elaboração de opressões internalizadas do sujeito, denominadas O Policial na Cabeça e Arco-íris do Desejo. Publicou nessa fase os livros Stop! C’est magique (1980) e O Arco-íris do desejo: método Boal de teatro e terapia (1990; 1992/1996).
Durante o seu período na França, Boal escreveu e dirigiu, com os integrantes do Centro de Paris/Groupe Boal, diversos espetáculos de Teatro-Fórum, apresentados em teatros, centros sociais e sindicatos de Paris. Nessa fase, Boal também dirigiu uma série de espetáculos no âmbito do teatro convencional na França e em outros países europeus, como Alemanha e Áustria.
Na França dos anos de 1980, com a vitória de François Mitterrand, o novo contexto político e cultural francês trouxe ao trabalho de Boal a oportunidade de se integrar às políticas culturais de um governo socialista. O método encontrou meios de se institucionalizar e se multiplicar de forma autônoma e, rapidamente, passou a ser aplicado nos mais diversos países da Europa. Além disso, as traduções de seus livros, em especial o Teatro do Oprimido, para o francês, o inglês e depois para diversos outros idiomas, impulsionaram ainda mais a difusão exponencial do método, que logo começou a ser praticado em outros continentes como África e Ásia, em um movimento de expansão transnacional do Teatro do Oprimido.
Nesse momento de abertura de horizontes, depois de tantos anos no exílio, Augusto Boal visitou o Brasil pela primeira vez em 1979, seis meses após a lei de anistia e a volta dos exilados políticos. No ano de 1980, visitou novamente o seu país, ao realizar a primeira turnê internacional do núcleo de Paris, CEDITADE/Groupe Boal, com estágios de Teatro do Oprimido e apresentações de Teatro-Fórum em Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde o grupo realizou temporada no Teatro Cacilda Becker. Porém, suas atividades logo o fazem retornar para a França.
Em 1982, em um colóquio sobre socialismo e cultura em Paris, o antropólogo Darcy Ribeiro –então secretário de Educação e Cultura no governo recém-eleito de Leonel Brizola no Rio de Janeiro–, ao conhecer o trabalho que Boal vinha desenvolvendo na França, de Teatro do Oprimido no campo da educação, propôs a Boal e Cecilia que voltassem para o Brasil e realizassem um projeto similar nas escolas públicas do Rio. Na mesma ocasião, Darcy sugeriu a Boal a montagem de um espetáculo no Rio de Janeiro. Boal escreveu e dirigiu então sua nova peça, O corsário do rei (1985/86), realizando temporada no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro – espetáculo que marcou sua volta aos palcos brasileiros depois de catorze anos no exílio, e que suscitou intenso debate na mídia e na classe artística da época. A receptividade difícil da peça não o estimulou a ficar no Brasil, assim como o Teatro do Oprimido ganhava cada vez mais força na Europa. Entretanto, a atriz Fernanda Montenegro e o ator Fernando Torres convidaram Boal para dirigir novo espetáculo no Rio. Dessa vez, um texto clássico, Fedra, de Racine, que estreou em 1986. O sucesso da montagem foi definitivo para a sua volta e, finalmente, após quinze anos no exílio, Boal se reinstalou no Rio de Janeiro.
Somente em 1986, com a volta definitiva de Augusto Boal ao Brasil e à sua cidade natal, é que o projeto-piloto Fábrica de Teatro Popular, nas escolas públicas do Rio, pôde se realizar, formando 35 animadores socioculturais que atuaram com o Teatro do Oprimido nos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), sendo coordenados por Augusto Boal, Cecilia Thumim Boal e a diretora e pedagoga porto-riquenha Rosa Luisa Márquez. Dessa experiência nasceu o primeiro núcleo de praticantes de Teatro do Oprimido no Brasil, que fundou, no mesmo ano de 1986, o Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, CTO-Rio, com direção de Augusto Boal. Naquela década, Boal ainda dirigiu peças de autores argentinos e brasileiros, no âmbito do teatro convencional, no Rio.
Em 1992, o novo Centro de Teatro do Oprimido recebeu a cessão de uso de um sobrado situado no bairro da Lapa, que funciona como sede do CTO-Rio até hoje. Nesse mesmo período, o coletivo se engajou em atos como Terra e Democracia e ECO-92, a convite de Herbert de Souza, o Betinho. No mesmo ano, Augusto Boal anunciou sua candidatura a vereador do Rio, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Boal foi eleito e durante o seu mandato “político-teatral”, de 1992 a 1996, o teatrólogo e seus novos colaboradores do Rio desenvolveram uma forma inovadora de aplicação do Teatro do Oprimido: o Teatro Legislativo, que propõe a participação direta dos cidadãos na formulação das leis. Nesse período, formaram-se diversos grupos de TO e treze projetos foram aprovados como leis municipais, por meio das ações do Teatro Legislativo. Boal publicou, então, seu livro Teatro Legislativo (1996) e um livro de crônicas, narrando em ambos sua experiência como legislador. Tal contribuição do núcleo carioca se somou às outras modalidades do Teatro do Oprimido e rapidamente se espalhou pelo Brasil e pelo mundo.
Nesse período, Boal ainda realizou junto ao CTO-Rio, em 1993, o 7º Festival Internacional de Teatro do Oprimido no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), no qual participaram grupos e praticantes da Índia e de mais dez países; e, em 1998, o I Festival de Teatro Legislativo, no Teatro Glória, Rio de Janeiro, que obteve seguidas edições. Ainda em 1997, convidado pela Paulo Freire Society, Boal realizou sessão solene de Teatro Legislativo em Munique, na Alemanha, e na mesma época ministrou sessão solene no Greater London Council e trabalhou com atores da Royal Shakespeare Company. Em 1994, recebeu a medalha Pablo Picasso, pela UNESCO.
Naquela década de 1990, Boal também escreveu um novo romance e as peças Amigo oculto (1998), dirigida por Marília Pêra no Rio em 2000, e A Herança maldita (1998), encenada pelo grupo A Barraca, direção de Hélder Costa, Lisboa, em 2007. Como encenador, Boal ainda dirigiu a peça Iphigénie à Aulis, de Eurípedes, como Teatro-Fórum, no Centre du Théâtre de L’Opprimé, em Paris, em 1995/1996. No Brasil, criou o gênero que nomeou como Sambópera, no qual buscou mais uma vez abrasileirar obras universais e cuja estreia foi o espetáculo Carmen (1999/2000), a partir de Bizet, com temporada no CCBB-RJ e turnê para a França com temporada no Paris Quartier d’Été; dirigiu também o show Chuveiro Iluminado, no Teatro Laura Alvim, e encenou mais uma Sambópera, A Traviata (2001), de Verdi, com temporada no Teatro Gláucio Gill, no Rio de Janeiro.
No início dos anos 2000, Augusto Boal escreveu e publicou sua autobiografia Hamlet e o filho do padeiro: memórias imaginadas (2000) e publicou mais um livro O teatro como arte marcial (2003).
A partir de 2004, Boal e o CTO-Rio participaram intensamente do movimento por políticas democratizantes para a cultura no Brasil. O Programa Cultura Viva, implementado durante o governo Lula, possibilitou o fortalecimento de parcerias do coletivo com movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e gerou uma difusão ainda maior do Teatro do Oprimido, tanto no Brasil, através da rede nacional dos Pontos de Cultura, como em países da América Latina e África, mediante projetos internacionais de multiplicação do método.
Na segunda metade da primeira década do século XXI, o teatrólogo vinha se dedicando à escrita de seu último livro, A Estética do Oprimido, com suas pesquisas mais recentes sobre seu método (2006; 2009).
Como sinal do reconhecimento de sua importância global, Augusto Boal foi candidato a Nobel da Paz em 2008, e foi nomeado Embaixador do Teatro pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI) e UNESCO, em março de 2009, poucos meses antes de falecer. Na mesma ocasião, o teatrólogo realizou pronunciamento sobre o Dia Internacional do Teatro, em sua última aparição pública, em Paris. Mesmo depois da morte de Boal, o seu método continuou a circular pelo mundo: novos centros e grupos se formaram, agregando ativistas de diferentes países na Ásia, África, Europa e nas Américas; os livros de Boal foram traduzidos para mais de vinte idiomas e hoje o Teatro do Oprimido é praticado globalmente nos cinco continentes, organizando-se em redes transnacionais de praticantes.
Obra
Bibliográfica
(Ficção – peças/crônicas/romances)
- Martim Pescador, 1a ed.: São Paulo, In: Revista de Estudos Teatrais, 1958.
- Revolução na América do Sul, 1a ed.: São Paulo, Massao Ohno, 1960.
- Arena Conta Tiradentes, em parceria com Gianfrancesco Guarnieri, 1a ed.: São Paulo, Sagarana, 1967.
- A Lua muito pequena e a caminhada perigosa, 1a ed.: São Paulo, In: Revista aParte, TUSP, 1968.
- Torquemada, 1a ed.: Havana, Casa de las Américas, 1972.
- Milagre no Brasil, romance em que narra em primeira pessoa a experiência de tortura, 1a ed.: Lisboa, Plátano editora, 1976.
- Crônicas de Nuestra América, publicadas inicialmente no jornal brasileiro O Pasquim e reunidas depois em livro, 1a ed.: Rio de Janeiro, Codecri, 1977.
- A deliciosa e sangrenta história latina de Jane Spitfire, espiã e mulher sensual, gênero novela de espionagem, 1a ed.: Rio de Janeiro, Codecri, 1977.
- A Tempestade / Mulheres de Atenas, coleção Teatro Vivo, 1a ed., Lisboa, Plátano editora, 1977.
- Teatro de Augusto Boal, vol. 1 e vol. 2, Rio de Janeiro, Hucitec, 1986.
- Murro em ponta de faca, 1a ed.: São Paulo, Hucitec, 1978.
- O corsário do rei, 1a ed.: Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1986.
- O suicida com medo da morte, romance, 1a ed.: Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1992.
- Aqui ninguém é burro: graças e desgraças da vida carioca, crônicas, 1a ed.: Rio de Janeiro, Revan, 1996.
- Hamlet e o filho do padeiro: memórias imaginadas, 1as eds.: Rio de Janeiro, Record, 2000; Londres, Routledge, 2001.
(Ensaios – teoria/método)
- Categorias de um teatro popular, 1a ed.: Buenos Aires, CEPE, 1972.
- Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas, 1as eds.: Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974; Buenos Aires, Ediciones de la Flor, 1974; Paris, Maspero, 1977; Nova Iorque, Urizen Books, 1978; e Londres, Pluto Press, 1979. Traduzido posteriormente para mais de vinte idiomas.
- Técnicas latino-americanas de teatro popular: uma revolução copernicana ao contrário, 1as eds.: Rio de Janeiro, Hucitec, 1975; Buenos Aires, Corregidor, 1975.
- 200 Jogos para atores e não-atores, 1a ed.: Buenos Aires, Crisis, 1975. Traduzido para diversos outros idiomas.
- Stop! C’est magique, 1as eds.: Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980; Paris, Hachette, 1980. Traduzido para diversos outros idiomas.
- O Arco-íris do desejo: método Boal de teatro e terapia, 1as eds: Paris, Ramsay, 1990; Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1992/1996. Traduzido para diversos outros idiomas.
- Teatro Legislativo, 1a ed.: Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1996. Traduzido para diversos outros idiomas.
- O teatro como arte marcial, 1a ed.: Rio de Janeiro, Garamond, 2003.
- A Estética do Oprimido, 1as eds.: Londres/Nova Iorque, Routledge, 2006; Rio de Janeiro, Garamond, 2009. Traduzido para diversos outros idiomas.
Teatral (Dramaturgia)
- Maria Conga (1950-53)
- Martim Pescador (1950-53)
- Histórias do meu bairro (1950-53)
- Orungan (1951-53)
- Laio se matou (1952)
- Whisky (1952)
- O logro (1953)
- O cavalo e o santo (1954)
- The Horse and the Saint (1954)
- The House Across the Street (1953-55)
- Filha Moça (1956)
- Revolução na América do Sul (1960)
- As famosas asturianas, adaptação de Lope de Vega (1956)
- Marido magro, mulher chata (1957)
- Plantai coqueiros sob as janelas de vossas amantes (1957)
- Helena e o suicida (1957-60)
- José, do parto à sepultura (1961)
- Mutirão em Novo Sol ou Julgamento em Novo Sol, em parceria com
- Nelson Xavier (1961)
- Opinião, em parceria com Vianinha, Paulo Pontes e Armando Costa (1964/65)
- Arena Conta Zumbi, em parceria com Gianfrancesco Guarnieri (1965)
- Arena Conta Tiradentes, em parceria com Gianfrancesco Guarnieri (1967)
- A Lua muito pequena e a caminhada perigosa (1968)
- Arena Conta Bolívar (1969/70)
- Teatro-Jornal – Primeira edição (1970)
- Torquemada (1971)
- El gran acuerdo internacional del Tío Patilludo / O grande acordo internacional do Tio Patinhas (1972)
- A Tempestade, adaptação de Shakespeare, centrada no personagem Caliban (1977)
- Mulheres de Atenas, adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, música de Chico Buarque (1977)
- Barraca Conta Tiradentes (1976)
- O corsário do rei (1986)
- Amigo oculto (1998)
- A Herança maldita ou a jangada dos canibais: bulevar macabro em um ato falho (1998)
- Carmen, Sambópera, adaptação em parceria com Celso Branco (1999)
- A Traviata, Sambópera, adaptação em parceria com Celso Branco (2001)
Performática (Direção teatral):
- The House Across the Street e The Horse and the Saint, com o Writers Group, em Nova Iorque, em 1955.
- Ratos e Homens, de John Steinbeck, com o Teatro de Arena de São Paulo, em 1956.
- Juno e o Pavão, de Sean O’Casey, com o Teatro de Arena, em 1957.
- Marido magro, mulher chata, de Augusto Boal, apresentada também como teleteatro, com Nicette Bruno e Paulo Goulart no elenco, em 1957.
- Society em baby doll, de Henrique Pongetti, em 1957/58.
- Dona Violante de Miranda, de Abílio Pereira de Almeida, com Dercy Gonçalves no elenco, em 1958.
- A mulher do outro, de Sidney Howard, com o Teatro de Arena, em 1958.
- A Valsa dos toureadores, de Jean Anouilh, com cenários de Gianni Ratto, em 1958.
- A Comédia atômica, de Lauro César Muniz, em 1958.
- A farsa da esposa perfeita, de Edy Lima, com o Teatro de Arena, em 1959.
- O Noviço, de Martins Penna, com o Teatro de Arena, em 1963.
- Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams, com o Teatro de Arena, em 1963.
- O melhor juiz, o rei, adaptação de Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Paulo José, a partir de Lope de Vega, com o Teatro de Arena, em 1963.
- A Engrenagem, de Jean-Paul Sartre, adaptação de Boal, José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi, com o Teatro Oficina, assistência de direção de José Celso e Eugênio Kusnet no elenco, em 1960.
- Chapetuba Futebol Clube, de Vianinha, com o Teatro de Arena, em 1959.
- Gente como a gente, de Roberto Freire, com o Teatro de Arena, em 1959.
- O Testamento do cangaceiro, de Chico de Assis, com o Teatro de Arena, em 1960.
- Fogo frio, de Benedito Ruy Barbosa, com o Teatro de Arena, em 1960.
- Pintado de alegre, de Flávio Migliaccio, em 1961.
- A Mandrágora, de Maquiavel, com o Teatro de Arena, em 1963.
- Tartufo, de Molière, com o Teatro de Arena, em 1964.
- Opinião, texto de Vianinha, Paulo Pontes, Armando Costa e Augusto Boal, com Nara Leão, Maria Bethânia, João do Valle e Zé Kéti, em 1964/65.
- Arena Conta Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, com o Teatro de Arena, músicas de Edu Lobo, em 1965.
- Tempo de guerra, show de Maria Bethânia, em 1965.
- Arena Canta Bahia, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Pitti e Tom Zé, em 1965.
- O Inspetor Geral, de Gogol, com o Teatro de Arena, em 1966.
- Arena Conta Tiradentes, de Boal e Guarnieri, com o Teatro de Arena, em 1967.
- O círculo de giz caucasiano, de Bertolt Brecht, com o Teatro de Arena, em 1967.
- La Moschetta, de Angelo Beolco-Ruzzante, com o Teatro de Arena, em 1967.
- A criação do mundo segundo Ary Toledo, em 1968.
- MacBird, de Barbara Garson, com o Teatro de Arena, em 1968.
- Sérgio Ricardo na Praça do Povo, show musical, em 1968.
- I Feira Paulista de Opinião, diversos autores, em 1968.
- Teatro-Jornal – Primeira edição, de Boal, com o Núcleo 2 do Arena, em 1970.
- Chiclete e banana, show com Vera Regina no elenco, em 1969.
- A resistível ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht, com o Teatro de Arena, em 1970.
- Torquemada, de Boal, em Nova Iorque, Bogotá e Buenos Aires, em 1972.
- Latin American Fair of Opinion [Feira Latino-Americana de Opinião], diversos autores, em Nova Iorque, em 1972.
- Ay, ay, ay, no hay Cristo que aguante, no hay!, adaptação de Revolução na América do Sul, Boal, com o grupo El Machete, em Buenos Aires, em 1972.
- Soy loco por ti, América, show com o músico argentino Tata Cedrón e seu quarteto, em Buenos Aires, em 1972/73.
- Caldo de cana, show com exilados brasileiros, em Buenos Aires, 1972/1973.
- Barraca Conta Tiradentes, com o grupo A Barraca, Lisboa, em 1976.
- Ao qu’isto chegou! – Feira Portuguesa de Opinião, colagem de diversos autores portugueses, com A Barraca, Lisboa, em 1976/77.
- Zé do Telhado, de Hélder Costa, música de José Afonso, com A Barraca, Lisboa, em 1976.
- Stop! C’est magique, Teatro-Fórum, em Paris, em 1980.
- Le dragon jaune e la famille sourde, Teatro-Fórum, com o Groupe Boal, Paris, em 1978/80.
- On a tous les jours cent ans, Teatro-Fórum, com o Groupe Boal, Paris, em 1981.
- L’Ogre méchant et les gentils marchands des couteaux, Le Badache nouveau est arrivé e Femmes juifs, esta última a partir de Bertolt Brecht, espetáculo Enjeux la Vie, Teatro-Fórum, com o Groupe Boal, Paris, em 1982/1983.
- J’achète ou j’achète pas?, Teatro-Fórum, com o Groupe Boal, Paris, em 1983.
- Murro em ponta de faca, de Boal, em Paris, em 1979; em Graz, em 1980.
- Nada más a Calingasta, de Julio Cortázar, em Graz, Áustria, em 1982.
- Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, em Graz, em 1983.
- L’Incroyable et triste histoire da la candide Erendira et de sa grand-mère diabolique, adaptação do conto homônimo de Gabriel García Márquez, em Paris, em 1983.
- La malasangre, de Griselda Gambaro, em Nuremberg, Alemanha, em 1984.
- El Público, de García Lorca, em Wuppertal, Alemanha, em 1984.
- O corsário do rei, de Augusto Boal, músicas de Edu Lobo e Chico Buarque, com Marco Nanini, Lucinha Lins e grande elenco, Rio de Janeiro, em 1986.
- Fedra, de Racine, com Fernanda Montenegro e Fernando Torres, 1986.
- La malasangre, de Griselda Gambaro, com Maitê Proença, em 1987.
- Encontro marcado, adaptação da obra de Fernando Sabino, com Isolda Cresta e Kiko Mascarenhas, em 1988.
- Iphigénie à Aulis, de Eurípedes, Teatro-Fórum, em Paris, em 1995/1996.
- Carmen, Sambópera a partir de Bizet, Rio de Janeiro e Paris, em 1999/2000.
- Chuveiro Iluminado, show musical com Cecilia Boal e cantores, Rio de Janeiro, em 2000.
- A Traviata, Sambópera a partir de Verdi, Rio de Janeiro, em 2001.
Cómo citar esta entrada: Andrade, Clara de (2021), “Boal, Augusto”, en Diccionario biográfico de las izquierdas latinoamericanas. Disponible en https://diccionario.cedinci.org